segunda-feira, 18 de abril de 2011

Semana dos Povos Indígenas - 2011



 

II Amostra Cultural Indígena, no CENTRER-RO, 2010.
Após 511 anos de contatos dos povos indígenas com as sociedades não-indígenas, houve uma obstinada resistência, permanecendo até hoje a diversidade das formas de vida, forjadas na trajetória de cada grupo. Darcy Ribeiro (1977, p.14) afirma que o indígena foi submetido a um processo que o força constantemente a “transformar radicalmente seu perfil cultural (...) transfigurando sua indianidade, mas persistindo como índio”.
Mas quem são os indígenas? Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2008), foram registrados 734.127 indivíduos, pertencentes a mais de 230 povos, falantes de 180 línguas, distribuídos em 635 Terras Indígenas (TI) ocupam 12,5% do território nacional, o número equivale a 1.069.424,34 quilômetros quadrados de terras distribuídos em 503 terras indígenas já reconhecidas e 132 em fase de demarcação. São os povos indígenas que contribuem decisivamente para o Brasil apresentar essa diversidade étnico-cultural que constitui uma riqueza ímpar no planeta. Mas por que esses povos são até hoje denominados indígenas? Segundo dicionário da língua portuguesa, a palavra índio significa nativo, natural de um lugar. No entanto sabemos que essa designação advém de um erro náutico, quando em 1492, na viagem que Colombo empreendeu para as Índias e aportou na América, atribui aos habitantes desta terra à denominação genérica de índios, conservada até o presente. Porém, cada índio pertence a um povo, identificado por uma denominação própria, como Guarani, Nambikwara, etnias indígenas que vivem no Brasil. Cada um dos mais de 230 povos brasileiros gosta de ser reconhecidos pelo seu nome próprio.
Para muitas pessoas não-indígenas, a denominação índio tem um sentido pejorativo, expresso historicamente por preconceitos e descriminações. Na escola, principalmente, predominam visões estereotipadas dos povos indígenas, oscilando entre a concepção romântica de um indígena puro, inserido na natureza, ingênuo, vítima e um índio bárbaro, selvagem e preguiçoso, empecilho para o progresso. Contudo, como resultado das lutas empreendidas pelos povos indígenas evidencia-se na atualidade uma concepção mais condizente com a vontade dos povos originários do nosso país: do indígena como sujeito da história, como um sujeito que continua sendo indígena e compartilha com os demais brasileiros o direito de ser e estar na sua terra brasilis.
Alunos da Escola Sowaintê, fev/2011.
Aproximar a história e o modo de vida, especialmente dos povos Aikanã, Idalamarê, Manduca, Latundê, Tawandê, Mamaindê, Sabanê, que são nossos vizinhos mais próximos, vai também nessa direção: considerar o diálogo com os indígenas e sua cultura milenar como um aspecto importante da nossa ancestralidade. Cada povo indígena tem seu sistema próprio de educação, fundamentado em três aspectos principais que conformam uma unidade: a economia da reciprocidade; a casa, o pátio, como um espaço educativo doméstico da família e da rede de parentesco; a espiritualidade, como concentração simbólica de todo sistema – rituais mitos. Contudo, muitas aldeias adotam a escola como um meio de aprender o sistema de vida fora da aldeia e dialogar com as sociedades envolventes. Desde a Constituição Federal de 1988, o direito a uma educação escolar diferenciada nas aldeias indígenas ficou assegurada o uso das línguas maternas e processos próprios de aprendizagem em suas escolas. Em Rondônia a SEDUC atende 54 etnias com 29 línguas diferentes idiomas, na maioria delas o acesso é via fluvial. Alguns povos de Rondônia: Arara, Arikapu, Amandowa, Aikanã, Cinta Larga, karipuna, Latundê, OroAt, Oro Não, OroWaram, OroWin, Sakirabiat, Campé, Kassupá, Jaboti, Kwazá, Nambikwara, OroMan, Cabixi, Kanoé, Cão Oro At, Gavião, Kaxaxari, Karitiano, Makurap, OroEo, OroWaje, OroWaramXijein, Uru EU Wau Wau, Tupari, OroJoin, OroWari e Suruí. Total de alunos indígenas matriculados 11.343; destes, 420 alunos são da nossa base territorial (Vilhena e Chupingauia); total de Escola 83; destas, 05 são da nossa base. Etnias atendidas em Vilhena e Chupinguaia Aikanã, Latundê, Sabanê, Idalamarê, Manduca e Tawandê.
Maria Ruth Campos,
Coordenadora da Educação Escolar Indígena
REN/VHA/17/04/11.

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